sábado, 16 de abril de 2016

Recordações

Eu não tenho muitas fotos, mas tenho fragmentos de lembranças.
Não guardo álbuns, mas lembro da cor do piso da sala e até da textura das pedras do muro do jardim da casa onde morei na primeira infância.
As fotos do meu filho quando bebê, são poucas, mas ainda posso escutar os sons que ele emitia com a chupeta na boca.
A fotógrafa da família, sempre foi a minha irmã, então, acho que me acostumei que ela estaria ali para registrar e o momento passava e mesmo que ela não estivesse, eu não o resgatava.
Contudo, no coração, na alma, as recordações estão lá, vívidas, como o som da risada do meu pai, o barulho do meu filho e meus sobrinhos se atirando na piscina da chácara, o som das músicas favoritas da mamãe, as piadas contadas pelo meu irmão...
Lembro das brincadeiras na casa dos meus avós, na casa da tia em Uberaba, ou no quintal dos vizinhos japoneses e as brincadeiras na rua, durante as noites de verão, ou no sítio em Indaiatuba, durante as férias.
Também estão comigo, os sons de São Paulo, minha cidade natal, como estão os sons de Florianópolis, onde vivi por treze anos e fui muito feliz apesar de todos os desafios.
As emoções da formatura do meu filho.
O que as fotografias não registram, são as sensações, como na primeira vez que eu dirigi, com o meu pai no banco do carona a me transmitir confiança.
Na memória, as cores dos vestidos que mais gostei, os calçados, como a sandália vinho, de solado de madeira envernizada e o meu sapato roxo, as bijuterias, as bolsas...
Me surpreendi com as lembranças que vieram juntas, que são tantas e tão nítidas que não ficaram a dever nada para as fotografias que eu não cheguei a tirar.
Recordações são a coletânea que o cérebro armazena e guarda no coração. Isso ninguém tira da gente.

Bom dia!