quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Anastácia

Olhando para ela, vejo o quanto é resignada. Verdadeiramente nobre.
Está paralisada. O processo não começou agora. Vem de algum tempo, mas se agravou há umas duas semanas.
Ela não sente dor e isto me conforta, mas seus rins estão deixando de funcionar e até para mastigar, ela tem dificuldade, o que a fez perder muito peso rapidamente. Hoje ela come cerca de duas colheres de sopa de comida por dia, às vezes até menos, mas ela já foi a "minha gorda"...
Sempre se comunicou comigo. Anastácia sabia me chamar latindo diferente, mais rouco, para obter a minha atenção para o que quisesse e mesmo diante de todas as suas dificuldades atuais, ela ainda se comunica, com olhares, ronronados e até um arremedo do que foi aquele latido tão peculiar.
Está definhando a cada dia. Não ouso me perguntar por que uma criatura tão maravilhosa, gentil, doce e suave tem que passar por isto, até porque não teria a resposta. Não posso compreender, ou alcançar o entendimento disso e choro.
Chego a pensar que é para eu aprender a me portar quando chegar a minha vez... como se eu pudesse ter a dignidade dela...
Assisto aos vídeos que fiz dela e vejo as fotos, desde que era bebê e relembro seus anos de glória, sempre marcados por sua meiguice e delicadeza.
Agora, chegando ao fim, com quase catorze anos de vida tranquila, assisto com o coração apertado e entre lágrimas a hora derradeira se aproximar. Eu sofro. Ela não sei, mas acredito que saiba da minha dor, porque eles sempre sabem...
Não me atrevo a pedir que ela lute para viver. Seria muito egoísmo da minha parte, porque tenho certeza que ela o faria, não importando o quanto isso representasse de mais sofrimento. Sei disto, porque eu ofereço água e ela reluta, com dificuldade para engolir, então eu digo pra ela obedecer a mamãe e na hora, num esforço descomunal, ela me olha e dá umas lambidinhas na água e eu choro.
Não sei se quero abreviar o sofrimento dela, ou o meu, mas tenho cogitado por um fim a essa condição e não sei lidar com essa hipótese. Tenho medo. 
Temo o remorso, temo a dor da partida dela e principalmente, tenho pavor de pensar no sofrimento dela para deixar a vida, porque morrer não é tão simples quanto parece e me assusta pensar que ela possa querer lutar mais um pouco e eu talvez esteja lhe tirando essa possibilidade.
Não quero que nada a agrida, nem a minha dor que é mínima, perto da gigante guerreira que já pesou oito quilos e agora está com menos de três quilos. Um saquinho de pele e ossos, com os mesmos olhos expressivos que sempre brilharam ao me ver. E continuo chorando...
Quero que ela vá em paz, mas não consigo pensar nela partindo sem que também sinta medo, ou tente desistir para me poupar. Penso em sussurrar em seus ouvidos, para que ela se encha de coragem e faça a sua viagem, mas quando a tomo tão pequenina em meus braços e ela olha pra mim, com tristeza, eu desisto e apenas digo que a amo. Agora entre soluços... e sei que ela pressente todos os meus sentimentos, porque seus olhos se iluminam num lampejo, como quem ainda se sente no dever de fazer por mim o que eu jamais poderei retribuir, porque este amor por mais que a gente tente, nunca pode ser retribuído, porque o ser humano não sabe amar como um cão.
Penso nas crianças e em todas as pessoas terminais e sinto constrangimento, por saber como é a dor dos entes queridos em seus sofrimentos e daqueles que ficam, mas não posso evitar, porque também ela é um ente querido para mim.
E eu olho pra ela, agora deitadinha ao meu lado e me olhando de volta, sinto meu coração diminuir ainda mais dentro do peito, mas também sinto esperança de que ela amanhã acorde bem e recuperada desse pesadelo, seja aqui, ou no lugar mais lindo que se possa imaginar, para que seus amiguinhos a recebam em festa, como ela merece.

Eu te amo minha gorda!

Boa tarde!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Silenciosamente

Ela tinha sonhos, fazia projetos, perseguia seus objetivos e tinha muita alegria de viver.
Mesmo quando caía, sacudia a poeira e seguia em frente. Recomeçar nunca tinha sido um problema e o fazia com muita energia.
Tinha um namorado, se divertiam juntos e gostavam das mesmas coisas. A vida era boa.
Então, sua mãe morreu. Ela ficou triste, sentiu muito a morte dela, mas seguiu em frente, como sempre fazia, pois ainda precisava cuidar do velho pai.
Continuou seus projetos, continuou o namoro, e, apesar da tristeza e da falta que a mãe fazia, ainda tinha muita alegria de viver e a vida não chegou a ser difícil, mas era menos colorida.
Então seu pai morreu. O chão ruiu sob seus pés. Ele era seu porto seguro, seu confidente, seu amigo, mas como sempre tinha sido provedor, não lhe tinha ensinado a viver sem ele.
Sentiu dor. Entristeceu. Perdeu a alegria de viver. Rompeu com o namorado, que afinal, não foi o parceiro que ela precisava que fosse e desse modo, não tinha porque continuar.
Tudo ficou cinza, mas ela continuou trabalhando, só que não tinha mais o mesmo entusiasmo.
Recomeçar agora era um fardo. 
Os projetos foram deixados de lado e pouco a pouco, ela foi desistindo. Não fazia mais diferença, se estava engordando (e muito), ou se estava emagrecendo (o que não acontecia). 
Se alguém a chamava para sair, arranjava uma desculpa para não ter que se arrumar e sair de casa.
Fazia o básico, mas até isto lhe custava muito. Aos poucos foi deixando também de lado o trabalho.
Ficou prostrada, porque na verdade, apesar de ser adulta, não sabia que a perda do pai lhe causaria um dano tão grande e aos poucos, afastou-se dos amigos e deixou de sentir alegria.
A depressão se instalou silenciosamente e ninguém percebia. Ela sabia, mas não tinha ânimo para lutar contra, porque não tinha mais motivação alguma.
Engordou muito, deixou de se cuidar também e esqueceu que precisava viver.
Aos poucos, a erva daninha cresceu no quintal e dentro dela.
Em pouco tempo, deixou de procurar a si mesma e foi se esquecendo das coisas...
Foi ficando cada vez mais acabrunhada, cada vez mais triste e foi se tornando opaca, sem nenhum brilho.
Enquanto isto, as pessoas também foram se esquecendo dela e as sombras foram tomando os cantos da casa.
A única amiga que ainda mantinha contato por telefone teve uma discussão com ela, porque sempre que conversavam ela dizia que estava bem e ouvia com interesse sobre a vida da outra, mas nessa discussão a amiga que não podia avaliar sua dor (porque ela nunca falava de como se sentia), ficou magoada com o rumo da conversa e rompeu com ela.
Agora estava definitivamente só.
E foi para o quarto, chorou e dormiu. 
Quando o telefone tocou, não se levantou para atender, porque certamente era alguém para cobrar as contas atrasadas e não precisava mais pagar nenhuma conta.
Voltou a dormir profundamente.
E mais um dia se fez, mas ela não se lembrava se precisava se levantar e não se levantou.
E continuou dormindo, até que um dia, algum vizinho percebeu o silêncio sepulcral e chamou a polícia.
Quando forçaram a porta, ela estava morta há muito.
Silenciosamente deixou o mundo, porque sua única companheira a depressão, não a deixou um minuto sequer depois que se instalou.
Esta doença é um perigo, porque ninguém percebe quando ela se instala.
Cuide das pessoas a quem você ama, porque nem sempre se consegue perceber os sinais.

Boa noite!

sábado, 22 de outubro de 2016

Acorrentado

A conversa fluía normalmente, até que ele me olhou com os olhos injetados. Senti a raiva contida e o ressentimento de anos revelados através dos olhos e quando segurou o meu braço, não foi com gentileza.
Penso no quanto ele trabalhou mal a sua dor e o seu ódio que trouxe em si através dos anos, em vez de ter deixado no passado.
Ele é bom, mas não lida bem com seus erros e isto dificulta sua comunicação com o mundo. Se não aprender a se perdoar, vai ser difícil aprender a perdoar os demais.
Vi no seu gesto agressivo (ainda que inconsciente), a falta de equilíbrio e recuei, porque não preciso afirmar o que já perpetua tanta dor. 
Apenas um gesto bastou para eu perceber que toda a sua raiva estava ali, intacta por tanto tempo, que pode-se dizer que está calcificada. 
A ele, não importa o que eu diga, o que eu faça, porque sempre vai prevalecer o passado que não pode ser modificado e ele não se desvencilha como deveria.
Para o resto das pessoas, as mágoas do passado são superadas, mas vejo com tristeza que as que ele carrega são perpetuadas por lembranças na maioria das vezes aumentadas e distorcidas da realidade, porque são vistas por ele do jeito que ele as via naquele tempo.
Culpa? Ninguém é culpado por erros que então eram tidos como acertos (mesmo não sendo), mas que tinham o escopo de fazer o que se esperava que fosse feito, mas quando a pessoa carrega tudo isto por anos a fio, o fardo vai ficando cada vez mais pesado e difícil de transportar.
Se ao menos ele tentasse deixar lá o que aconteceu, hoje teria menos peso para sustentar no coração obscurecido pelo ranço de tudo que ele viveu e que não tem como ser diluído se ele mesmo não se esforçar por diminuir o valor que dá a sua dor.
Se eu soubesse naquele tempo o que sei agora, certamente teria tido mais cuidado e teria sido mais cautelosa e comedida, quer com as palavras, quer com os gestos, pois dói mais em mim, constatar que ainda hoje ele sente tanta dor que não consegue seguir em frente e se livrar dela como tantos outros o fazem.
A dor é sempre personalíssima, mas a dele é agigantada porque ele a valoriza mais do que a leveza dos bons momentos que viveu e faz questão de não computá-los, para perpetuar essa sensação de ter sido vítima. 
Mas vítima do que? Vítima da própria arrogância, impertinência e de um caráter altamente indomável e que confrontava a todos para se impor quando ainda não tinha meios para fazê-lo e isto gerava consequências que ele nunca entendeu que deviam permear as ações dele para que não gerassem reações com as quais ele não queria e não podia trabalhar devido a tenra idade. 
A consequência é que arrasta correntes até hoje e não enxerga que se as deixar para trás, será mais livre e mais feliz do que jamais foi.
Temos o dever de nos livrar das amarras para seguirmos em frente buscando vencer outros desafios em vez de cultivarmos os obstáculos que nos dificultam a caminhada.

Boa tarde!  

sábado, 15 de outubro de 2016

Professor

Houve um tempo em que era glamouroso ser professora. Toda moça de boa família cursava a Escola Normal. 
Casar-se com um professor ou professora então, era para uma seleta casta de sortudos.
Eu tenho vários professores na família, meu tio mais velho Alberto, minha irmã Célia, minha afilhada Ana Rita, sua irmã Mônica, a mãe dela, minha comadre Vera e até a minha madrinha Da Graça, os primos Marli, Alba, Luís Henrique. Tenho amigos professores, como a Elaine, o Alexandre, o Dernivan, a Aulinda, enfim...
Me lembro de alguns professores sensacionais, como a professora Tânia, o professor Vicente, Abadia, Aluízio, Wilson Abadio, Luís Carlos, Cecília, Jesuíno, Antonieta, Kiko, irmã Walmíria, irmã Miriam, Albertina, Berenice, Alcides, Romão, e não vou citar todos, porque passaria uns dois dias escrevendo nomes, porque foram muitos ao longo de muitos anos estudando e fazendo cursos, mas sintam-se igualmente prestigiados, todos.
Claro que a gente sempre tinha os preferidos e também tinha aqueles de quem a gente não gostava mesmo, mas ainda assim, tiveram um papel muito importante no meu desenvolvimento estudantil, intelectual, cultural e acadêmico.
Mas de todos os professores ora recordados, o que mais me ensinou durante toda a minha vida, foi o meu pai, que também era professor e tinha muito orgulho de sua profissão.
Nessa época, o professor era alguém tratado com deferência e respeito. Ai de quem respondesse a um professor! 
O mestre era uma autoridade vista e reconhecida como tal.
Infelizmente, no Brasil, esse profissional de esmerada dedicação, nunca foi muito valorizado. Lembro desde sempre - e principalmente pelo meu pai, que o salário nunca foi algo substancioso, mas ainda assim, o respeito era consistente, por toda a sociedade.
Hoje, vemos nas redes sociais crianças agredindo seus professores, que precisam ir às ruas, clamar por salários dignos e condições de trabalho decentes, quase como mendigos, implorando por respeito e reconhecimento. Os governos veem sistematicamente desvalorizando essa categoria de profissionais e desmerecendo a dedicação que ela nos dispensa.
O professor que comemora seu dia hoje, não sei se pode realmente ter algo a comemorar, em tempos difíceis como os que tem atravessado.
Então, fica aqui minha homenagem a esses doadores de conhecimento, orientadores de carreiras, inspiradores e motivadores, que tanto fazem por todos os que vão até eles beber da fonte de suas sabedorias, mas também um apelo para que a sociedade volte a respeitar o mestre, porque sem ele, a criança não seria alfabetizada, o jovem não desenvolveria o raciocínio lógico, o profissional, de qualquer área, não existiria. O professor é o profissional que gera todas as demais profissões e capacita os técnicos e especialistas em quaisquer funções.
Parabéns pelo seu dia, mas principalmente, obrigada por existir na nossa vida!

Boa tarde!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Paciência como?

Ai a pessoa diz que quer aprender comigo. 
Ótimo! Fico feliz por ser útil e ensinar algumas coisas, porque também não sou "a" dona de casa.
Só que esqueceu de dizer que era pra eu ensinar a pensar!!!
Como faço para ensinar uma pessoa a pensar com lógica, ter bom senso e observar antes de fazer as coisas? Não sei onde se aprende isso e muito menos como se ensina.
Sei que olho para uma prateleira antes de organizá-la e procuro imaginar de que maneira eu posso dispor ali os objetos de forma a tornar minha vida mais prática na hora que precisar de algum utensílio.
Pra quê escorredor, se você vai colocar a louça para escorrer fora dele, escorada na parede da pia e quando você vai guardar esse objeto, os pratos vão bater na parede e vão se quebrar, porque você os apoiou exatamente naquilo que deixou fora do escorredor?
Então, minha amiga me mostra orgulhosa que deixou tudo pronto à noite, para fazer o café pela manhã e ainda observou que era só colocar o pó no coador que em pouquíssimo tempo o café estaria pronto. Como perdeu a hora, me deixou mensagem avisando que não fez o café por esse motivo. Beleza! 
Vim fazer o café e imediatamente (já que estava tudo pronto para coá-lo, eu liguei o fogo e fui fazer outras coisas! Realmente foi muito boa a ideia da minha amiga, deixar tudo arranjado para isto. Ganhei tempo.
Quando volto para a cozinha, a casa estava quase pegando fogo e a minha chaleira derretida. Levei o maior susto!
A criatura não me avisou que deixou a água que era para ser fervida dentro da garrafa térmica e não dentro da chaleira!!!!!!!
Como posso ter paciência com isso?
Se a minha amiga fosse uma adolescente, eu até entenderia a falta de senso prático, mas com mais de quarenta anos, fica difícil eu entender como é que uma mãe e que segundo ela, foi criada fazendo o serviço de casa, não sabe o básico. Vejo que não aprendeu nada durante a vida toda, ou então, haja displicência, porque na minha concepção e posso estar errada, os acidentes domésticos acontecem porque as pessoas não pensam para fazer as coisas.
Minha amiga é uma pessoa muito disposta e determinada e me ajuda muito, mas vejo que não é traquejo que lhe falta. Falta aprender a pensar e eu não tenho paciência para ensinar a pensar - e nem sei como fazer isto.
Por mais que eu a questione, mostrando que ela tem que se perguntar o por quê de fazer de um jeito ou de outro e mostre que ela precisa desenvolver senso prático, se quiser facilitar a própria vida, ela não consegue desenvolver a logística doméstica e faz uma bobagem atrás da outra, por falta de observar o em torno e analisar o que é mais sensato fazer.
Burrice é algo que me irrita sobremaneira, porque não é falta de inteligência e sim falta de atenção na maioria das vezes.
Enfim, tem gente que sabe fazer tricô, pintar telas lindas, mas não sabe fritar um ovo, enquanto outras pessoas conseguem fazer banquetes, mas não sabem fazer a bainha de uma calça. Vá lá! 
Mas evitar acidentes, é dever de todos.

Bom dia!

sábado, 17 de setembro de 2016

Sonsos

Eu queria ser normal... ter o sangue frio suficiente para fazer cara de paisagem, mesmo quando a pessoa pensa que eu sou idiota.
Para ler, eu enxergo muito mal, mas para ver gente sonsa, eu tenho a visão de uma ave de rapina.
Certo dia, meu filho me perguntou ainda quando eu morava na outra casa, se eu não teria uma garrafa térmica disponível, pois um amigo dele que tinha um estabelecimento simplesinho ali perto, não tinha como tomar café.
Poxa, eu adoro café e me coloquei no lugar do rapaz que segundo o meu filho, fazia muito por ele e ofereci a minha melhor garrafa térmica, branquinha, perolada (que estava comigo há mais de trinta anos em uso), e fui logo recomendando que era empréstimo, pois quando eu me mudasse, eu até providenciaria outra para o moço.
Mudei-me há alguns dias para a casa do meu filho. Segundo ele, esse amigo e a esposa vinham muito aqui e tanto, que até a chave do portão da cozinha eles tinham em mãos. Fico imaginando o entra e sai que não era... sob o pretexto de arrumar a casa para o meu filho, que só eu sei a trabalheira que estou tendo para desencardir o chão branco e colocar tudo em ordem, mas eles faziam a manutenção da casa, cujos banheiros tinham crostas de sujeira até nos azulejos, sem contar o estado de imundice dos vasos sanitários.
Assim que cheguei, verdade seja dita, o marido veio e me entregou a chave do portão e junto, a minha linda garrafa térmica, com o bico quebrado e tinha sujeira até dentro do envólucro.
Ao perguntar o que tinha acontecido, o rapaz me olhou com cara de coitadinho e me disse que já tinha chegado às mãos dele naquele estado. Eu respirei fundo, sorri (com a melhor cara de idiota que eu pude fazer) e disse que certamente ele tinha razão e agradeci.
Quem me conhece bem, pode imaginar o esforço que eu fiz para adotar essa postura, mas não queria que o meu filho se aborrecesse comigo desde a minha chegada.
Três dias depois, não suportando mais olhar para a minha garrafa térmica companheira de trinta anos, eu presenteei o rapaz com ela, naquele estado, mas ele ficou muito agradecido. Menos mal que eu tenha conseguido agir sem deixar ninguém insatisfeito, exceto a mim mesma.
Então, o rapaz disse que viria capinar o quintal. Ele veio num domingo pela manhã e fez um quarto do serviço (que meu filho diz que troca com ele, a manutenção da casa, pela prestação de advocacia que faz para o seu pequeno estabelecimento. Disse o moço que voltaria em meia hora, mas isso já faz duas semanas e a terra e o mato estão jogados na entrada da casa por todo canto. E eu continuo aqui, firme e forte, fazendo cara de paisagem.
O casal é tão "gente boa", que vem buscar as nossas roupas e leva para lavar na casa deles que fica distante da nossa três casas. A roupa fica lá por mais de uma semana e volta passada, mas faltando meias, cuecas (posto que essas peças sempre se perdem quando lavamos as roupas fora de casa), bem como com camisas escuras cheias de penugem clara, visivelmente lavadas com outras peças de cor clara e minhas blusinhas brancas, com manchas escuras que parecem alumínio, mas pasme, minha bermuda jeans favorita, veio corroída no cavalo (gancho). Mas não foi um furinho! Uma corrosão que simplesmente transformou a bermuda numa saia, porque o cavalo foi totalmente comido por algum rato ou bicho (que deve ser enorme, pelo tamanho do estrago)!
Detalhe, o tal amigo do meu filho, gentilmente trouxe a roupa passada e subiu para a parte íntima da casa, acostumado a essa intimidade permitida pelo meu filho e colocou toda a roupa sobre a minha cama e não mencionou absolutamente nada sobre a bermuda que estava passadinha no meio das outras peças.
Quando fui guardar a roupa e me deparei com o estado da bermuda, eu mostrei ao meu filho que disse que ia falar com o casal e eu pedi que não dissesse nada. 
Eu prefiro lavar nossa roupa, mas não quero ver a mesma cara de "coitadinho" do amigo dele, me dizendo que a bermuda tinha ido para lavar naquele estado, porque se ele fizer isto, tenho certeza que não vou conseguir me controlar e vou dizer na cara dele que ele e a mulher são dois sonsos, porque meu filho trabalha pra eles e eles "fingem" que trabalham para o meu filho e que são tão dissimulados, que escondem os prejuízos que causam aos outros, para não assumir seus erros.
Eu queria muito ter sangue frio e não dar importância a esse tipo de gente, mas minha indignação cresce a cada vez que vejo o meu filho tão generoso fazer tanto por esse casal que o está usando sob a capa da vida dura que parece que levam, mas que eu vejo que são realmente aproveitadores e que se fazem sim, o tempo todo de sonsos!

Bom dia! 


sexta-feira, 29 de julho de 2016

Equívoco

Então na rede social, ele me pediu para ser adicionado aos meus contatos. Pelo nome, sabia que provavelmente fosse alguém que eu conhecia, então aceitei.
De fato, era um velho conhecido.
Depois dos cumprimentos de praxe, ele me diz que se lembrou de mim, porque no passado eu tinha feito algo que ele nunca mais esqueceu.
Fiquei entre preocupada e curiosa, porque a amizade das famílias teria sido motivo para eu então, ter tomado cuidados para não ferir ninguém. E ele me sai com a seguinte informação:
"Você me roubou um beijo".
Eu fiquei em estado de choque, porque não me lembrava do beijo e tinha quase certeza que não tinha acontecido, mas há mais de trinta anos, como eu poderia lembrar?
Justifiquei que não me recordava e que devia ter sido brincadeira e esperava que não o tivesse magoado, ao que ele me garantiu que eu o magoei.
Quando perguntei por que o teria magoado, ele atalhou que era porque tinha sido só um beijo.
Eu ri, afinal, deve ter sido bom, já que ele não tinha se esquecido e que eu lamentava, porque de minha parte, realmente não me recordava desse beijo.
Tentei mudar de assunto, mas ele insistia em falar do beijo que realmente eu não me recordava.
Lembrei a ele que na época, ele saía com uma amiga comum e mantinham um relacionamento do tipo namorico, e que se eu tivesse dado o beijo que ele estava dizendo, provavelmente não estaríamos conversando agora, pois teria sido morta por ela. Nós rimos.
Tive que interromper a conversa por meus afazeres e disse que em outro momento a gente conversaria.
No dia seguinte ele me chamou e disse que estava ficando louco, porque realmente não tinha sido eu quem o beijou, mas a nossa amiga! 
Ri aliviada, porque tinha sido muito desconfortável, ele falando de um beijo que eu sinceramente não tinha nem uma vaga lembrança.
Ora, estava esclarecido porque eu não me lembrava do beijo, afinal, ele jamais aconteceu.
Foi um equívoco.

Bom dia!

terça-feira, 19 de julho de 2016

HOJE EU ME LEMBREI...

Infelizmente, o nome do autor deste primor não é conhecido. Como eu queria ter esse talento... se alguém puder identificar o autor, por favor, colabore!

HOJE EU ME LEMBREI...

Hoje eu me lembrei...
Que não sou branco, negro, amarelo ou vermelho.
Eu sou um cidadão do universo, no momento, estagiando como ser humano na escola terrestre.

Hoje eu me lembrei...
Que não sou homem ou mulher, nem alto ou baixo.
Eu sou uma consciência oriunda do plano extrafísico, uma centelha vital do Todo que está em tudo!

Hoje eu me lembrei...
Que tenho a cor da Luz, pois vim lá das estrelas.
E eu sei que o meu tempo aqui na Terra é valioso para minha evolução.

Hoje eu me lembrei...
Que não há nenhuma religião acima da verdade.
E que o Divino pode se manifestar em miríades de formas diferentes.

Hoje eu me lembrei...
Que só se escuta a música das esferas com o coração.
E que nada pode me separar do “Amor Maior Que Governa a Existência”.

Hoje eu me lembrei...
Que espiritualidade não é um lugar, ou grupo ou doutrina.
Na verdade, é um estado de consciência do Ser.

Hoje eu me lembrei...
Que ninguém compra Discernimento ou Amor.
E que não há progresso consciencial verdadeiro se não houver esforço na jornada de cada um.

Hoje eu me lembrei...
Que o dia em que nasci não foi feriado na Terra.
E no dia em que eu partir, também não será!

Hoje eu me lembrei...
Que tudo aquilo que eu penso e sinto se reflete na minha aura.
E que minhas energias me revelam por inteiro (logo, preciso crescer muito, para melhorar a Luz em mim).

Hoje eu me lembrei...
Que não vim de férias para o mundo.
Na verdade, vim para aprender e trabalhar (e também para vencer a mim mesmo nas lides da vida).

Hoje eu me lembrei...
Que não sou o centro do universo e que, sem a Luz, eu não sou nada!
Sem Amor, o meu coração fica seco... e sem a espiritualidade, o meu viver perde o sentido.

Hoje eu me lembrei...
Que os guias espirituais não são minhas babás extrafísicas.
Eles são meus amigos de fé e trabalho... e, sem eles, eu estaria frito!

Hoje eu me lembrei...
Que ninguém sabe tudo e que conhecimento não é sabedoria.
Todos nós somos professores e alunos uns dos outros (e, acima de tudo, o Mestre de todos, o Grande Arquiteto Do Universo).

Hoje eu me lembrei...
Que não nasço nem morro, só entro e saio dos corpos perecíveis ao longo da evolução.
Não posso ser enterrado ou cremado, pois sou um espírito (ah, eu sou sim!).

Hoje eu me lembrei...
Que viver não é só para comer, beber, dormir, copular e morrer sem sentido algum.
Viver é muito mais: é também pensar, sentir e viajar de estrela em estrela, sempre aprendendo.

Hoje eu me lembrei...
Que de nada vale a uma pessoa ganhar o mundo se ela perder sua alma.
E que o mal que me faz mal, não é o mal que me fazem, mas, sim, o mal que eu acalento em meu coração.

Hoje eu me lembrei...
Que eu sou mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
E que eu, o apresentador desse programa, e vocês, os ouvintes dessa viagem espiritual, somos todos um!

Hoje eu me lembrei...
Que, sem Amor, ninguém segue.
E que o meu mantra se resume
numa só palavra: Gratidão!


Autor desconhecido

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Estupro

Ela só tem 16 anos. Por ser uma menina vulgar, que mora no morro, vai a bailes funk, que posta em suas redes sociais que gosta de fazer sexo, algumas pessoas a julgam. Por se vestir de forma absolutamente despojada e até muito provocante, as pessoas acham que ela mereceu. E por esses motivos, ela sofreu um estupro coletivo.
Pois bem. Vamos esclarecer algumas coisas aqui. Ainda que ela andasse nua, que fosse prostituta, que cometesse crimes, enfim, ainda que ela não correspondesse em nada ao perfil das boas meninas, nem assim, eles teriam o direito de estuprá-la.
Não é o baile funk que estimula os garotos a fazerem isto, porque se fosse, os garotos que vão a bailes sertanejos não estuprariam, não é mesmo? E os universitários ou os já profissionais então? 
Vocês têm noção de quantos maridos estupram suas esposas diariamente? Ai me perguntam: "como o marido pode estuprar a esposa"?
O que caracteriza o estupro, é a mulher dizer NÃO e o homem entender como talvez ou como SIM.
Simples assim!
O que caracteriza o estupro é o homem drogar a mulher de tal modo que ela não possa manifestar sua vontade e aproveitando-se disso ele mantém relação carnal com ela, sem o seu consentimento.
O estupro é cruel, porque ele fere a alma, mais até do que fere o corpo. Acontece mediante subjugo da mulher.
Não importa quem é, como se comporta como se veste a mulher, ou a idade que ela tenha! O estupro é uma violência, porque não visa nada além da impotência da vítima e do poder de seu algoz.
Esse caso do estupro coletivo chamou a atenção, porque foram trinta homens (ou mais), fazendo repetida e sistematicamente o mesmo crime e nenhum dos presentes se dignou a rechaçar essa prática.
Isto é, os trinta e poucos homens no mesmo lugar, ninguém se dispôs a não compactuar dessa prática cruel de violência. Todos assistiram, participaram, se divertiram com o sofrimento da vítima, sem medir consequências e sem minimamente se preocupar com a dor da jovem. Mas podia ser uma senhora, que o crime teria sido o mesmo.
Se deleitaram divulgando, e comentando, como se não se tratasse de um crime, mas de um evento!
O estupro é cruel porque não respeita e não valoriza a mulher. Ao contrário, a marca pra sempre e faz isso como se fosse um ferro em brasa.
Estamos no terceiro milênio e as pessoas ainda olham para o estupro como se fosse culpa da vítima!
Alguns - e até mulheres - entendem que as roupas e o comportamento são responsáveis pelo crime, não entendendo que a responsabilidade do crime é do homem, que tem o poder de não praticá-lo, mas em vez de decidir pelo não, decide pelo sim. Se fosse pelas roupas, no oriente, as mulheres que usam burca, não seriam estupradas. Mas quem julga, não pensa e tão pouco observa esse detalhe.
A meu ver, o estupro é cultural! É falta de educação, de aconselhamento, de ética entre os homens. 
Homem de bem, não estupra porque pensa nos ensinamentos da família, porque pensa na mãe, na irmã, na filha, na esposa como seres que merecem o seu respeito, independente da classe social, ou do lugar onde mora e menos ainda do tipo de música que gosta de ouvir.
Vamos entender de uma vez por todas que quando uma mulher não consente o sexo, quando ela diz NÃO, o homem tem o dever de se afastar e seguir seu caminho deixando-a em paz. Qualquer coisa além disto é estupro.

Bom dia!

sábado, 16 de abril de 2016

Recordações

Eu não tenho muitas fotos, mas tenho fragmentos de lembranças.
Não guardo álbuns, mas lembro da cor do piso da sala e até da textura das pedras do muro do jardim da casa onde morei na primeira infância.
As fotos do meu filho quando bebê, são poucas, mas ainda posso escutar os sons que ele emitia com a chupeta na boca.
A fotógrafa da família, sempre foi a minha irmã, então, acho que me acostumei que ela estaria ali para registrar e o momento passava e mesmo que ela não estivesse, eu não o resgatava.
Contudo, no coração, na alma, as recordações estão lá, vívidas, como o som da risada do meu pai, o barulho do meu filho e meus sobrinhos se atirando na piscina da chácara, o som das músicas favoritas da mamãe, as piadas contadas pelo meu irmão...
Lembro das brincadeiras na casa dos meus avós, na casa da tia em Uberaba, ou no quintal dos vizinhos japoneses e as brincadeiras na rua, durante as noites de verão, ou no sítio em Indaiatuba, durante as férias.
Também estão comigo, os sons de São Paulo, minha cidade natal, como estão os sons de Florianópolis, onde vivi por treze anos e fui muito feliz apesar de todos os desafios.
As emoções da formatura do meu filho.
O que as fotografias não registram, são as sensações, como na primeira vez que eu dirigi, com o meu pai no banco do carona a me transmitir confiança.
Na memória, as cores dos vestidos que mais gostei, os calçados, como a sandália vinho, de solado de madeira envernizada e o meu sapato roxo, as bijuterias, as bolsas...
Me surpreendi com as lembranças que vieram juntas, que são tantas e tão nítidas que não ficaram a dever nada para as fotografias que eu não cheguei a tirar.
Recordações são a coletânea que o cérebro armazena e guarda no coração. Isso ninguém tira da gente.

Bom dia!

sexta-feira, 25 de março de 2016

Presente de Aniversário

Hoje acordei com alegria no coração.
É o aniversário do meu neto. Seis anos.
Desde que eu soube que ele ia nascer, fui invadida por uma onda quente de emoção e alegria, que toda vez que penso nele, se repete.
Sempre se mostrou irreverente, determinado e de personalidade forte.
Desde os dois anos, ele já elegia o melhor amigo, o primo Victor Hugo, que é filho do meu irmão e quatro anos mais velho que ele.
Faz amigos com facilidade.
Apesar de tímido num primeiro contato, logo interage com as pessoas a sua volta e brilha no centro das atenções. É envolvente!
Então, hoje, que é seu aniversário, sinto-me presenteada, agraciada!
Sou avó do Antonio e nada me gratificou mais, depois do nascimento do pai dele.
Te amo pra sempre, meu neto!

Parabéns!

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Inveja

E ela abriu a página daquela rede social famosa e deu de cara com o sorriso escancarado de felicidade da outra.
Aquele sorriso era para ser o dela!
Investigou pelas fotos dele e a outra estava lá, em todos os momentos. Tomando o vinho abraçada com ele, como ela estaria tomando e como ela deveria estar abraçando.
Sentiu raiva!
Tanto tempo desperdiçado, se destruindo para que ele pudesse ser valorizado, se descuidando, para que ele pudesse ser cuidado, se tornando feia, para que ele se sentisse mais confiante e agora isso?
A outra é a terceira ou quarta depois que se separaram. Ah, esse gostinho ela sente! Foi a única que aturou suas canalhices...
Certo. Mas se ele não prestava, por que ainda a tirava do eixo? O término da relação não foi bem resolvido? Então, por que ainda se importava?
Sentiu inveja, porque aquela era a felicidade que ela queria pra si. Foi o sonho que ela sonhou e que estava sendo realizado pela outra.
Pensou que talvez a outra ainda não sinta os efeitos dele sobre ela. Certamente, quando descobrir o quão insano é viver ao lado dele, também ela se vá, como as outras se foram...
Mas e se ele a chamasse de volta?
Não. Melhor seguir em frente, porque o que já desandou, não toma prumo mais adiante.
Saiu da página e foi brincar com seus cachorros, porque desse amor, ela sabia que poderia esperar fidelidade e lealdade. Não precisava mais pensar nele, nem na outra.
Porque a vida segue o curso que tem que seguir e se foi assim, é porque teria que ser.

Boa tarde!


sábado, 16 de janeiro de 2016

Chovendo em mim

Acordei com o tamborilar da chuva contra a vidraça. O som era intermitente, e através dele eu sabia que era aquela chuva calma, boa, mas que vai deixando tudo molhado, telhados, paredes, muros, pisos, varandas, os ossos da gente...
Encostei na janela enquanto aquelas lágrimas (as da chuva), batiam contra o meu rosto. Fiquei um tempo assim, em silêncio, sem pensar em nada que não fosse a chuva chovendo em mim.
Aos poucos, fui caminhando nela. 
Voltei no tempo e encontrei o seu sorriso único, o seu olhar...
Senti saudades de mim. É, não foi dele que eu senti saudades, mas de mim. 
Refiz alguns dos passos que dei e lamentei que tenha me perdido tanto pelos caminhos...
Ou apenas teria parado de me procurar?
Desisti, porque só consigo pensar depois de algumas canecas de café e enquanto isso, a chuva também foi desistindo...
Eu fui mais determinada e desisti mesmo, já a chuva, enfraquecia e voltava, como numa dança de acasalamento com o vento.
O café aqueceu o meu corpo mas o meu coração continuou lá fora, apanhando da chuva fria.
E como a chuva lavou os caminhos por onde passei, apagou minhas pegadas, levou de enxurrada meus sentimentos mais intensos, hoje posso chover aqui, ou lá fora, que nada mais sou do que essa nuvem passageira que se deixa levar pelo vento.
Não sei se essas lembranças são boas, ou se deviam ter ficado onde estavam antes da chuva, então vou voltar a dormir, para quem sabe, se o sol voltar, seja ele a me acordar.

Bom dia!

Chovendo em mim

Acordei com o tamborilar da chuva contra a vidraça. O som era intermitente, e através dele eu sabia que era aquela chuva calma, boa, mas que vai deixando tudo molhado, telhados, paredes, muros, pisos, varandas, os ossos da gente...
Encostei na janela enquanto aquelas lágrimas (as da chuva), batiam contra o meu rosto. Fiquei um tempo assim, em silêncio, sem pensar em nada que não fosse a chuva chovendo em mim.
Aos poucos, fui caminhando nela. 
Voltei no tempo e encontrei o seu sorriso único, o seu olhar...
Senti saudades de mim. É, não foi dele que eu senti saudades, mas de mim. 
Refiz alguns dos passos que dei e lamentei que tenha me perdido tanto pelos caminhos...
Ou apenas teria parado de me procurar?
Desisti, porque só consigo pensar depois de algumas canecas de café e enquanto isso, a chuva também foi desistindo...
Eu fui mais determinada e desisti mesmo, já a chuva, enfraquecia e voltava, como numa dança de acasalamento com o vento.
O café aqueceu o meu corpo mas o meu coração continuou lá fora, apanhando da chuva fria.
E como a chuva lavou os caminhos por onde passei, apagou minhas pegadas, levou de enxurrada meus sentimentos mais intensos, hoje posso chover aqui, ou lá fora, que nada mais sou do que essa nuvem passageira que se deixa levar pelo vento.
Não sei se essas lembranças são boas, ou se deviam ter ficado onde estavam antes da chuva, então vou voltar a dormir, para quem sabe, se o sol voltar, seja ele a me acordar.

Bom dia!