quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Trajetória

E dormindo eu sonhei.
Sonhei que caminhava pela praia, enquanto o sol me perseguia. Sob os meus pés, a areia úmida e eu não plantava nada, mas ainda assim, colhia o que encontrava pelo caminho.
Não sabia exatamente porque estava fazendo aquilo, mas não podia parar.
Colhia folhas secas trazidas pelo vento, conchas, pedrinhas e até tampinhas de garrafas. Nada era bastante bom, mas era o que eu tinha para colher.
Quando acordei, senti que tinha perdido muito de mim mesma por aquele caminho. 
Envelheci.
O tempo não foi muito generoso, porque me senti judiada, mal tratada... ingrato o tempo!
Não posso me sentir plena, quando o vazio é maior que eu. Não posso perseverar na caminhada árida, quando o solo me rejeita e quando me vejo nessas cercanias, sei que fiz o meu melhor, mas de nada valeu, pois não colhi os frutos que pensava serem bons.
Reflito sobre o sonho e sei que não foi bom, porque faltaram elementos que talvez estivessem lá, mas não podiam ser vistos por mim e só pude colher o que a natureza me permitia, isto é, só pedrinhas, folhas secas, tampinhas de garrafas e algumas conchinhas quebradas...
Esse é o meu legado.  
Não tenho do que reclamar, porque pelo menos eu fiz a caminhada, mesmo que a trajetória não fosse a melhor. 
Assim, prefiro seguir no meu silêncio para não confundir aqueles que por ventura tenham sonhos melhores que os meus.

Boa tarde!