quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal e Saudade

Já uns dias antes, começavam os preparativos. Eles se divertiam.
O pai, montava a árvore para a mãe decorar, mas ele participava de tudo. Preparava a casa para receber os filhos e netos com esmero, enquanto ela fazia a lista de compras para preparar a ceia.
Tinham as frutas, as bebidas, as novidades que ele encontrava no supermercado e trazia pra experimentarem... se aprovada a novidade, vinha para a mesa do natal.
Os presentinhos, ela vinha comprando desde outubro e guardando nas gavetas das cômodas, ou dentro do guarda-roupas. 
Cada telefonema da mãe com os filhos, pra desespero dele (detestava que se demorassem ao telefone), tudo era meticulosamente planejado novamente, com trocas de sugestões e um ou outro palpite que a faziam ou não, mudar de ideia quanto ao arranjo da mesa, ou até mesmo quanto à sobremesa, porque o cardápio principal era via de regra, mantido.
Quando chegava o grande dia, na medida em que os filhos chegavam, a alegria dele aflorava (ah, como gostava de casa cheia!), porque a cada um dos filhos ele dispensava uma atenção de pai, mas também de anfitrião!
Aos poucos, as vozes e alegria iam contagiando o ambiente e a música garantia que todos se mantivessem em movimento.
A mãe, esperava ansiosa pelos elogios, afinal, tudo tinha sido pensado e feito para ser perfeito - e não me recordo, o quanto mais simples pudessem ser esses momentos, que não tenham sido perfeitos.
E ao sinal da meia noite, quando os sinos badalavam ao longe e os fogos de artifícios espocavam, ele, o pai, os reunia a todos em círculo, fazia uma oração e todos se abraçavam! Era lindo!
Então, os presentes!
Sempre surpreendiam os filhos, com algo especial, não necessariamente caro, mas que causavam realmente olhares arregalados porque não era esperado.
O prazer deles era visível.
E sentavam-se todos em torno da mesa, para apreciar as iguarias que tinham sido preparadas com tanto esmero.
É, o natal lá em casa era um acontecimento... mas hoje, eles não estão mais aqui... 
Só nos deixaram as lembranças, as saudades e a certeza de que nos ensinaram a importância da confraternização e da união da família.
Natal, hoje pra mim, é mera recordação e saudade, mas momentos que levarei comigo pela eternidade, porque eram preciosos e eles fazem muita falta, mas fico feliz por terem me proporcionado tantas noites especiais ao longo de suas vidas.

Feliz natal!


sábado, 12 de dezembro de 2015

Adaptação

E a vida toma rumos que a gente não tem como mudar o curso.
Pensamos que temos este condão, porque temos a sensação de que as escolhas são nossas. Na verdade, quando não escolhemos, estamos permitindo que escolham por nós, mas ainda assim, o curso segue.
Como o rio que singra a terra e crava seu leito durante seu trajeto, vamos sedimentando nossa estrada com nossa esperança e nossa vontade de perseguir os sonhos.
São esses sonhos que nos motivam a seguir em frente sempre. Não importa quantos tombos a gente leve, ainda assim, somos compelidos a seguir em frente.
Projetos são deixados de lado durante o caminho, porque são inviáveis, impraticáveis, ou porque outros surgem com maiores possibilidades e mais atrativos.
O fato é que vamos nos adaptando. Essa capacidade que temos de nos moldar às situações mais adversas, é que nos move a continuar criando nossa história.
Percebemos que laços que deveriam ser eternos, não têm a força que se espera e ao se desfazerem, nos deixam impotentes, mas todo laço tem duas pontas. Se uma delas não se sustenta, não é possível.
Cogitamos nessas tentativas, prosperar no intento primeiro, mas nem nos damos conta que os desvios foram estabelecidos bem antes, como a rocha que obriga o rio desviar seu curso.
A vida plena, pode representar a diferença entre vencer ou perder. Seja qual for o resultado, ainda assim, fomos nós que tracejamos o caminho.
A cada desafio, novos elementos e a cada etapa vencida, fazemos a contabilidade que nem sempre nos preenche, mas ainda assim foi o que conseguimos conquistar.
Seja como for, nossa vida segue independente das escolhas que fazemos enquanto ao mesmo tempo, pelo resultado dessas escolhas.
Tudo muito ambíguo, mas necessário como a luz que só existe por permissão do breu. À ausência da luz se faz a sombra, que por sua vez, só pode deixar de ser quando o sol resplandece imponente na sua plenitude.
E, como somos humanos, seguimos firmes nos nossos desígnios, sem tempo para voltar e refazer nossas páginas. Não nos é permitido fazer um rascunho para passar a limpo depois.
Viver é sem dúvida um ato de bravura e coragem, independente dos feitos que somos capazes de realizar.

Bom dia!