sexta-feira, 8 de março de 2013

Sexo

Eu gosto de sexo.
Mas não sexo, pelo sexo. 
Gosto do ato de amar, com a cumplicidade que nasce da intimidade, da confiança, onde o corpo responde aos cheiros, à textura da pele, ao calor dos corpos que se transformam ao se unirem...
Gosto dos beijos molhados, do toque experiente de quem conhece meu corpo, exatamente porque conhece minha alma.
Para mim, sexo, tem que ser intenso e sem dimensões, o que só consigo, se estiver envolvida, me sentir segura e tranqüila, nos braços de quem me possui, não o corpo, mas a mente, o meu ser, como um todo.
Tive relacionamentos maravilhosos, com homens que me envolveram e se entregaram, como eu a eles, mas também, me entreguei a homens que não faziam a menor diferença, entre estar ou não na minha cama... tudo foi aprendizado.
Hoje, madura, constatei que não vale à pena, a menos que seja com envolvimento verdadeiro. Tem sim, que existir cumplicidade; tem que ter respeito por mim; Temos que construir confiança mútua; Tem que haver um sentimento maior entre eu e ele.
Verdadeiramente, não me interessam homens que estão preocupados com o que eu como, se vou engordar ou ficar magra, se vou ter bum-bum e peitos de virgem, porque o tempo, não perdoa! A gravidade, derruba tudo o que vê pela frente e com meus peitos e minha bunda, não é diferente! Estão descendo morro abaixo!
O mais interessante, é que também os homens envelhecem, ficam murchos, carecas, flácidos, ou barrigudos, mas não admitem, que o tempo lhes causem esses danos, porque seus espelhos, nunca lhes refletem a realidade; Continuam se enxergando como garotões malhadinhos, musculosos e com tudo em cima.
Não vou me condenar a passar a vida, com uma folha de alface e um copo d'água, quando me falta tão pouco tempo de saúde, que me permita, comer chocolate, tomar um bom vinho, apreciar um bom prato de massa...
Me recuso a viver escravizada pelo conceito equivocado das pessoas, em geral, que não se dão conta, que existe coisa muito pior que barriga, rugas e pelancas (no caso das magras), que é o câncer, a aids, o pânico, a pressão alta, a falta de amor próprio, o preconceito, o racismo, a falta de respeito, a violência doméstica...
A tudo isso, somando a aposentadoria (na maioria das vezes mingüada) e as doenças provenientes da idade, que chega para todos, eu gosto de sexo, mas já tive o suficiente nesta vida, para me conformar, se a terceira idade chegar, e eu não tiver ao meu lado, um companheiro que queira viver a vida intensamente, para fazermos sexo sim, com muito amor, não pelo meu corpo, que a terra há de comer (se bem, que devo ser cremada, depois de doar tudo o que ainda servir), mas amor, pelo meu ser, como um todo. 
Esse amor deve transcender!
Quero um amor, para fazer sexo, por amor, pelo resto das nossas vidas, mas só se for com alguém capaz de me amar por inteiro, com minhas qualidades e meus defeitos e não que me ame só pelo corpinho de vinte anos, que há trinta e seis, não tenho mais! 
Não quero me sentir tiranizada, pelo temor de não ser mais amada, quando olhar no espelho e vir que surgiu mais um fio de cabelo branco, ou que meu rosto ganhou mais uma ruga, e menos ainda, ao vestir o vestido que ele me deu há dois meses, e deixou de servir...
Quero um amor essencial, que me complete e a quem devo completar, mas não pelas formas dos nossos corpos, que a idade há de implicar em decadência, mas pelos conteúdos dos nossos corações, nossas almas, refletidas uma na outra, pela parceria, pela decência, pela doação que haveremos de ser capazes, um para o outro.
Eu gosto sexo, mas gosto mais de mim!!!

Boa tarde!