quarta-feira, 18 de abril de 2012

Abandono

Não me desampara, por favor!
Esteja onde estiver, olha por mim. 
A dor da minha saudade, só não é maior que a minha insegurança. Tenho medo de seguir sozinha, sem suas mãos a me guiar, sem seus conselhos, sem sua proteção.
Se não podia de outro jeito, devia ter me dito que ia doer tanto, mas não me preparou para conviver com a sua ausência.
Me fez acreditar que seria para sempre!
E o que eu faço agora?
Como administro esse vazio?
O seu olhar (que olhos lindos!), o seu sorriso, não estão mais aqui para me acolher...
Nunca mais a sua voz; Nunca mais a sua gargalhada; Pior: nunca mais o seu zelo e o seu carinho...
Só essa sensação de abandono, a perda que me asfixia.
Ouvir seus CD's, não ajuda, porque aumenta a saudade.
Fiquei à margem da estrada, sem vontade, sem coragem pra seguir em frente...
Por que teve que ir?
As lágrimas, até consigo a custo, estancar, mas sem você, não posso deixar de sentir dor.
Mesmo querendo, não sou assim tão desgarrada.
Eu tive infância. Escrevi a minha história, mas você estava nela.
Foi meu herói, meu campeão.
Ouvir sem você, as suas músicas favoritas, me demonstra que só aumenta a saudade e a dor da sua partida.
Meus ouvidos treinados pelo seu gosto musical, não ajudam a esquecer...
Sei que é a ordem natural da vida, e você tinha que ir, mas me sinto traída por sua debandada. 
Me fez acreditar que não partiria ainda e agora, me deixa órfã desse jeito...
Preciso seguir, porque a vida me exige, mas por favor, esteja onde estiver, cuida de mim!

Homenagem ao meu pai (Kokão), Bittencourt Bertulucci, que faleceu no dia 27 de março de 2012, aos 79 anos, escrita na estrada, em viagem de volta, após o seu sepultamento.

Bom dia!