quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Medo

De amar, de não ser amado, de morrer, de barata, de rato, do escuro, de raio, de cobra, de aranha, do homem (e da mulher), de cachorro, de polícia...
Quanto medo a gente sente?
Medo da solidão, de não ser aceito, de não ser amado...
E a gente o enfrenta, como pode, mas ele persiste!
Dizem que ele, o medo, é nossa proteção. Evita que a gente se coloque em risco.
A criança, quanto mais nova, menos conhece esse sentimento e mais se arrisca, posto se assim não fosse, não sairia do berço, não falaria, nem andaria...
O medo motiva a insegurança e gera desconforto.
O desconhecido assusta e recolhe a gente a nossa insignificância!
Quem não sentiu ainda na vida, um medo tão grande, quanto enfrentar uma onda de três metros em dia de tempestade, num bote inflável?
Tudo depende do nosso poder de enfrentar o medo.
O homem, quando foi pela primeira vez ao espaço, não teria sentido medo? Duvido!
Certa vez, atravessando uma passarela em São Paulo, do nada, fui assolada por um medo enorme, devastador. Eu fiquei com medo da estrutura, da própria passarela em si! 
Fui me encolhendo ali, me agachando, apavorada e, quando as pessoas se aproximavam, para me socorrer, ficava ainda pior, porque me sentia humilhada. Pedia que se afastassem, até porque, mesmo sendo totalmente ventilada, eu não conseguia respirar.
Naquele momento, compreendi, em parte, porque e o que motiva algumas pessoas ao suicídio, porque eu precisava me livrar daquela sensação que me congelava a alma, e pensava em pular, pois até a morte, poderia ser menos significativa, naquele instante, que o medo que me consumia. Felizmente, a passarela era toda fechada com aramado!
Vencer o medo, pode representar vencer os nossos demônios, os nossos monstros interiores.
Pode ser a diferença entre enfrentar a vida, mergulhar de cabeça e ser feliz, ou não, mas também pode ser o motivo da nossa inércia, do nosso marasmo.
O medo de errar, impede que as pessoas sigam em frente e, o medo de ser surpreendido, as impulsiona a seguir cada vez mais rápido...
Medo de solidão, faz com que a pessoa se sinta sempre sozinha, infeliz, sem conseguir fazer amigos, mas em contra partida, a lança numa busca eterna, por amores que nunca vão acontecer, amizades que não serão verdadeiras e até compromissos impossíveis de serem cumpridos.
Ah, como é que se pode viver com tanto medo e, ao mesmo tempo, como se pode viver sem ele?
Você, tem medo de que?

Bom dia!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Retalhos

Quando entrei no banheiro, ele estava com o rostinho virado para o outro lado e enquanto soluçava silenciosamente, jogava água em profusão, contra os olhos e os óculos de lentes muito expessas, estavam sobre a pia, com uma das lentes trincada feito uma estrela, bem no centro.
Percebi que ele estava furioso! Muito indignado, mesmo!
Me aproximei, e procurando manter o tom de voz ameno para não assustá-lo, perguntei o que tinha acontecido, ao que do alto dos seus cinco anos de idade, me respondeu que não tinha acontecido nada e que era assunto de homem e que ele já tinha resolvido.
Achei graça na firmeza que acreditava ter a situação sob controle, mas precisava saber de fato, o que tinha acontecido ao meu filho!
Então, puxei delicadamente seu rosto para mim e lá estava: um olho circundado por um hematoma digno dos melhores pugilistas, que a todo custo, ele procurava esconder.
Repeti a pergunta, dessa vez, num tom mais firme e disse que devia me contar o que tinha acontecido, porque ele estava machucado e era meu dever protegê-lo e cuidar do seu ferimento.
Relutou um pouco, mas então, me estendeu os bracinhos e quando o acolhi, entre soluços, me disse: "o Mma-ge-lii-nha - me - cha-a-mou - de - fi-i-lho - da - pu-u-tt-a!!! A-ai, e-eu p-aar-tt-i - p-pra - ci-i-ma - dde-le - e - ee-le - mme - ddeu - um - sso-coo - e - quue-br-ou - o - mme-u - óo-cu-los!!!"
Tive muita vontade de rir, olhando para o meu herói, protetor, tão indefeso, mas fiquei preocupada, porque além de muito míope, meu filho era muito menor que o amiguinho, apesar de serem praticamente da mesma idade. O menino era um gigante de 6 anos!!!
Primeiro, cuidei do meu bebê, que já se obrigava feito um homem e depois, de abraçá-lo, com muito carinho e bastante orgulhosa, ponderei em pensamento, sobre o que deveria dizer e como agir diante da situação, para que ele não fosse diminuído na sua coragem e também, passasse a evitar brigas para que não se machucasse.
Olhei para ele, ainda no meu colo, com gelinho no olho, enquanto soluçava ressentido e lhe disse: "Filho, a mamãe é puta?" Ao que ele de pronto afirmou: "Claro que não!"
"Então, meu amor, em vez de brigar com o seu amigo, use a sua inteligência! Não dê importância ao que não tem importância e não é verdadeiro. 
Da próxima vez que o seu amigo te chamar de filho da puta, diga a ele simplesmente: "Minha mãe não é puta, portanto, você não deve me chamar desse jeito, porque não é verdade. Não vou brigar com você, porque não sabe a diferença entre um palavrão e um elogio, então, seria uma covardia da minha parte, brigar com alguém menos inteligente que eu"! Vire as costas e saia tranquilamente, de modo que ele se sinta um bobo, por ter dito isso sobre a mamãe! 
Na vida, muitas vezes, vão usar esse nome, para te ofender, mas como não é verdade, você não precisa sair brigando com as pessoas! E, se alguém insistir, diga: "mesmo que a mamãe fosse uma puta, lá em casa, não tem fila para reclamações e seu pai, não tem a senha, desse modo, minha mãe é melhor que qualquer um da sua família e não é para o seu bico"! Você verá, que o resultado, será melhor que sair no braço. 
Já pensou, se por conta de uma coisa sem importância como essa, um pedaço da lente entra nos seus olhos e você deixa de enxergar? Você acha mesmo que teria valido à pena?"
Então, ele me olhou, mesmo magoado e pensativo, me respondeu: "É, né, mamãe? Se você não é puta, eu não preciso correr o risco de apanhar, toda vez que o Magelinha me provocar, porque ele é grande, né mamãe? E, com certeza, eu vou apanhar"!
Rindo por dentro, da lógica conclusão a que o meu homenzinho chegou, o abracei e concordei olhando bem séria pra ele, aprovando com o olhar, o seu entendimento.
Naquela noite, já dormindo, ele suspirava sentido, sem saber, que eu era a mãe mais orgulhosa do mundo, por ter um super herói só meu!!!
Eles cresceram juntos, brincaram e brigaram muito ainda, depois desse episódio, mas acredito que todos eles, da rua Ceará, podem dizer que tiveram uma infância linda!

Boa tarde!!!
 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Recaminhos

Se crescemos juntos, aprendemos juntos, rimos e choramos juntos, o natural seria morrermos juntos!
Não aconteceu assim.
Teu corpo me fugiu entre os dedos e teu espírito foi amparado por mãos que não eram as minhas...
Se pelo menos eu soubesse que não sente a dor que sinto... Se pelo menos eu soubesse que não chora o pranto que derramo...
Se não podes ficar a meu lado, penso em ir ao teu encontro. Penso nisso sempre!
Então, nos meus sonhos, te revejo, resplandecente em todo fulgor da tua juventude e beleza, me sorrindo e acenando; Mostrando que dali em diante, nossos caminhos serão paralelos. 
O meu será trilhado diferente do teu!
Retomo a rotina, confuso, com medo e sentindo o peso da tua falta, mas não a tua ausência!
Nesse recaminho, descubro outra fonte de luz e calor. Estou salvo! Posso seguir e aos poucos, recuperar a confiança e a segurança que havia perdido.
Hoje, você é doce lembrança, mas não uma sombra, que escurece o meu futuro.
Posso viver um novo amor, pleno e verdadeiro com a certeza de estar preparado para enfrentar novos desafios.
Posso reconquistar a felicidade, sem temer as intempéries, pois sou mais forte. Tenho mais cicatrizes, mas ainda assim, me permito amar novamente!
Sigo reconstruindo a vida a partir do ponto em que me vi renascendo para o amanhã...
Agora amparado por mãos que não as tuas, mas tão firmes e seguras, quanto preciso para ter certeza que posso reaprender a amar.
Retomo todos os passos e me direciono por outras sendas. Volto a sorrir!
Afinal, se a vida continua, por que eu deveria recusar a viagem?
Lá vou eu!
A beleza e magia, consistem exatamente em me sentir preparado, como o falcão, singrando os céus, livre e destemido, para seguir em frente, apesar de...
Já me permito sorrir e sentir o coração leve...
Esse novo amor me trouxe de volta. 
Sigo em frente para ser feliz!

Bom dia!!!
 
 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Carnaval

É mais que folia.
É a "união" das pessoas;
A "ilha" da alegria;
A "magia" da festa!
Carnaval, pra quem está de fora, é uma festa popular, onde as pessoas pulam e dançam ao som da bateria e ritimadas pelo "puxador do samba".
Para quem está dentro do contexto, que faz parte da escola, que se envolve diretamente, é algo muito maior.
É acima de tudo, lição de vida!
É a construção do sonho e a demonstração de que ainda somos capazes de sermos decentes.
Uma comunidade inteira se empenhando e cada um dando o melhor de si.
São pessoas exercitando a harmonia; Homens e mulheres...
Trabalhadores, artistas, pensadores, poetas ritimistas, músicos, médicos, professores, garçons, policiais, enfermeiros, juízes, lixeiros, costureiros, promotores de justiça e de vendas, fotógrafos, advogados, coreógrafos, bailarinos, cozinheiros, engenheiros...
Acredito que dentro de uma escola de samba, existam todas as profissões representadas, mas ali, ninguém é mais ou maior. Todos estão de modo único, juntos e misturados!
Na escola (aliás, mais que de samba, de vida), a pessoa mais simples, de menos cultura, é autoridade. Ensina o culto, diplomado, a arte de ser, apenas!
Carnaval não vê distinção entre ricos e pobres; Não faz diferença a cor, a raça, a classe social, o sexo.
Deveria servir como exemplo, já que são alguns meses onde as pessoas se congraçam em paz, sem que as diferenças sejam valorizadas ou evidenciadas.
É mágico, exatamente porque é a lacuna onde as pessoas estão niveladas pela alegria e a obrigação da felicidade!
Pena que na avenida, tudo passa muito rápido e se evapora na dispersão...
E, na quarta-feira, as pessoas já tenham se esquecido do que as conduziu até ali, embaladas pela melodia do samba enredo que disperta em cada membro, o amor à causa, à camisa, ao pavilhão!
E então, compreendo porque baianas e bateria, rainha e comissão de frente, porta-bandeiras e mestre-sala, abre-alas e diretoria, harmonia e coordenadores de alas, esperam ansiosos pelo próximo carnaval: 
É que todos nós, na verdade, precisamos sentir tudo isso o ano inteiro, mas só dentro da escola, nos permitimos esse despojo!
Precisamos mais que do enredo do samba, do enredo da alegria que nos motiva à igualdade, mas não nos damos conta, que só é possível, porque nos libertamos das convenções.
Ah, como é lindo o carnaval da vida!
Como é sábia a vida do carnaval!!!

Bom dia!!!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Antagonismo

Dilema entre o bem e o mal, entre o politicamente correto e o absolutamente equivocado.
De um lado, o sentimento de gratidão e de conforto, de outro, ofuscando os primeiros, a sensação de ser invadida, violentada, desrespeitada.
Precisei ir a Minas, porque meu pai foi submetido a um procedimento cirúrgico delicado. Felizmente, ele está bem, mas seu estado de saúde geral, ainda inspira cuidados. Ele completa 80 anos em setembro, mas é alcoolista e fumante, o que agrava em muito seu quadro clínico.
Para viajar, pedi a uma amiga querida, que cuidasse das minhas "meninas", Anastácia e Belizária.
Prontamente ela se dispôs a cuidar delas e vir dormir todas as noites na minha casa, para que elas pudessem manter suas rotinas caninas, sem estresse, porque acabam de se recuperar de infecção cuja causa, não se pode detectar, mas os sintomas, se assemelham à doença provocada por carrapatos, que as infectou, na última vez que as levei a Minas, em dezembro do ano passado.
Moro num pequeno sobrado e, como ainda não instalei os armários necessários, uso a garagem para depósito das coisas que eram organizadas na outra casa, que tinha o dobro do tamanho e o meu carro, estaciono no gramado do jardim, o que me atende perfeitamente.
Viajei tranqüila, na certeza de que as minhas cachorrinhas estavam em boas mãos e, realmente, não poderiam ter sido confiadas a ninguém melhor. Na volta, as encontrei muito bem, felizes e adaptadas, pois não deixaram a casa e pressentiam o meu retorno. FOI PERFEITO!
Mesmo sendo muito querida, carinhosa e da minha máxima confiança, a minha amiga cometeu um erro crasso, que me deixou doente, por uma semana. Para mim, foi tão grave, quanto se tivesse entrado um ladrão na minha casa, revirado tudo e me roubado.
Ninguém tem esse direito! 
Quando cheguei do aeroporto, na segunda-feira, fui recebida por um lindo sorriso da minha amiga, que me surpreendeu com o gramado do jardim todo aparado, impecavelmente limpo, e o meu carro dentro da garagem que eu usava como depósito. Cansada e querendo conversar com o meu namorado, fiz um comentário do tipo: "Ah, você colocou o meu carro na garagem!!!" E certamente, ela recebeu como uma observação de quem ficasse feliz com o prodigioso feito.
Pensei comigo, que não valia a pena, perder o meu tempo ao lado do meu namorado e reencontrando minhas cachorras, que me saudavam felizes e cheias de entusiasmos, para perguntar a minha amiga, de onde ela havia tirado a ideia de que o meu carro seria guardado na garagem...
Quando resolvemos tomar um vinho, descobri atônita, que ela tinha preparado uma bandeja, com xícaras, taças e copos, que estava sobre a geladeira, onde antes eu colocava a fruteira, que eu não via mais no lugar. Quando questionei, ela disse ainda sorrindo e, provavelmente, se congratulando: "Ah, fiz várias mudanças por aqui!!!"
Dei um sorriso amarelo, já sentindo o meu estômago se contraindo, por eu estar me contendo para não questioná-la e constrangê-la, na presença do meu namorado e, ademais, MINHAS CACHORRAS TINHAM SIDO TRATADAS COM TODO O CARINHO E ZELO!!!
De um lado, eu olhava para elas e via, que jamais, encontraria outra pessoa que tratasse minhas "filhotas", tão bem, mas de outro, eu olhava para a minha casa e não via nela a minha vida!
Meu namorado se foi e ficamos conversando amenidades, até porque, tudo o que eu queria era me jogar na minha cama e dormir, para no dia seguinte, descobrir que tinha tido um sonho ruim!
Tenho personalidade forte e sou o tipo de pessoa que não deixa nada passar. Sou frontal! Não evito dizer o que penso, quando tenho razão, mas eu não queria ferir a minha amiga, afinal, ela tinha sido maravilhosa!
Infeliz tentativa. Passei a noite em claro, virando na cama, por não ter dito a ela, que NÃO TINHA O DIREITO DE MEXER NAS MINHAS COISAS E MUDAR TUDO O QUE ERA MEU DE LUGAR, NA MINHA CASA!
A amizade, não confere ao outro, o poder de por e dispor da sua vida, da sua logística (profissional ou doméstica), como melhor aprouver. Até a disposição dos pratos e copos, ela mudou de lugar nos armários da cozinha!!!
Modificou até o lado para o qual eu corro a cortina da sala!!!!!!!!!!
Nada escapou à fúria de organizar a casa PARA ELA MORAR!!!
No dia seguinte, fui dar os remédios para as minhas "meninas" e descobri (já muito irritada), que ela tinha mudado a cama delas de lugar, dificultando a agilidade que eu preciso para sistematizar o trato diário com meus animais, no menor tempo possível. 
A levei de volta para a sua casa, antes mesmo do café da manhã, pois precisava retomar a minha rotina, para trabalhar e, no caminho, disse que poderia ter me ligado, perguntando se eu teria condições para pagar o jardineiro para fazer o serviço naquele momento, e ela me disse que eu poderia pagar depois. Ou seja: FEZ UMA DÍVIDA POR MIM, SEM ME CONSULTAR!
Reparei que havia lavado o meu carro e agradeci, mas nem ousei perguntar se tinha sido ela, ou se havia pago para fazer o serviço, porque temi que ela me dissesse que EU DEVIA também ao posto!!!
Tentei ser gentil e delicada, mas contei a ela, que não tinha dormido à noite, pensando nas mudanças que ela havia promovido na MINHA CASA!
Expliquei, que o meu carro voltaria para o jardim, pois para a minha rotina, era mais conveniente e que ela não deveria ter arrumado as minhas coisas, ao que ela me respondeu, que só queria me agradar!!!
Como de boa intenção o inferno está cheio, resolvi respirar fundo e não começar o dia com uma discussão, pois o estrago já estava feito.
Voltei para a casa e constatei, com desespero, que não poderia fazer o café, pois não encontrava o pó, não localizava o porta-filtros, não sabia onde ela havia guardado os talheres... A MINHA AMIGA DESTRUIU O MAPA DA MINHA LOGÍSTICA MENTAL!!!
Sofro de transtorno obsessivo compulsivo e preciso de um mapa mental dos objetos, para não ficar andando feito barata tonta dentro de casa, então, imagine como fiquei, quando o meu dia não podia começar, porque eu não conseguia fazer o meu café, já que não encontrava os utensílios para tanto.
Liguei para a minha amiga, aos berros, em prantos, totalmente descompensada, dizendo uma série de coisas, para ela entender o mal que me tinha causado! Sinceramente, nem me recordo o que disse, tanto eu chorava, pois me sentia realmente perdida! AQUELA NÃO ERA MAIS A MINHA CASA - NÃO ERA MAIS A MINHA VIDA!!! 
Eu estava num lugar estranho a minha rotina e não conseguia equilíbrio, para me organizar!!!
Minha amiga me garantiu que voltaria mais tarde, para recolocar as coisas no lugar, ao que eu prontamente dispensei, pois temi que diante dela, a minha indignação não pudesse ser contida e eu a matasse com as próprias mãos!
Por cautela, a mantive bem longe de mim!
Claro que é o sentido figurado, mas nunca se sabe!!! (Risos...)
O fato, é que de um lado, eu me sentia muito agradecida por ela ter cuidado das minhas cachorras com tanto amor. Mas de modo antagônico, eu sentia uma raiva que não podia ser mensurada, ante a confusão que ela causou na minha vida pessoal, por ter mexido nas minhas coisas e tirado tudo da minha ordem mental, me impedindo de retomar a minha vida!
Isso me causou um grande mal estar; Me via em conflito, entre a gratidão e a ira, pois NÃO ME SENTIA COM DISPOSIÇÃO para ser grata (QUANDO DEVIA), a alguém que me havia causado tantos danos (MESMO COM A MELHOR DAS INTENSÕES).
Além de tudo, esse antagonismo me faz sentir cruel, o que só piora as coisas, pois eu detesto ser má, mesmo quando as pessoas despertam isso em mim!
Aprendi, desde criança, que NÃO SE MEXE NAS COISAS DOS OUTROS, mas fiquei me perguntando, o que eu teria dito ou feito, para que a minha amiga se sentisse à vontade para fazer o que fez, NA MINHA CASA, NA MINHA VIDA!
Até a vista do aparelho de CD do meu carro, ela tirou do local onde eu costumo deixar (à mão); Ela mudou de lugar, também o pano que mantenho dentro do carro para eventualidades.
Em tudo o que me pertence, ela imprimiu sua lógica, me atropelando, desrespeitando e desconsiderando!
O mal causado foi tão grande, que hoje, sete dias após a minha chegada, ainda não consegui digerir e retomar o equilíbrio e a minha rotina!
Se ainda eu fosse uma "mosca morta", sem personalidade para manifestar as minhas vontades e intensões, quem sabe, conseguisse ficar agradecida por sua iniciativa, mas sendo tão firme em meus propósitos, impossível entender, porque a minha amiga, jogou meus panos e esponjas de limpeza fora, trocou meus alimentos dos potes onde os acondiciono, organizou tudo, sob a SUA LÓGICA, sem avaliar ou me consultar em momento algum!!!
Invadiu e violentou a minha vida, como se nada significasse!
Ainda não conversei com ela, para que sinta o meu sofrimento, mas espero agora, depois de exteriorizar aqui, possa desabafar com a minha algoz, para que possamos continuar sendo amigas, caso contrário, sempre ficará entre nós, esse peso, imposto pelo antagonismo entre a gratidão e o ódio, que sinto ao mesmo tempo.


Bom dia!