domingo, 14 de agosto de 2011

Pai

Eu podia começar falando da importância do pai na vida da gente e do quanto a gente precisa homenageá-lo.
Também poderia lembrar que existe pai, que nem merece ser chamado assim, tantas atrocidades é capaz de cometer, como a gente acompanha pelo noticiário, diariamente.
Mas vou preferir manifestar a admiração e o amor que tenho ao meu pai, o Kokão, através de quem, cumprimento todos os outros pais que mereçam!
O Kokão, é um cara incrível! 
Quando eu era criança, me recordo que o via bem pouco, porque ele trabalhava muito, mas a minha mãe, como todas as mães desse tempo, cuidava para que a figura dele fosse temida, ao mesmo tempo que aguardada com grande espectativa por mim e meus irmãos: "Deixa que vocês vão ver quando o papai chegar!"
Nos finais de semana, quando ele não estava de serviço (era professor de contabilidade e militar da Aeronáutica), me recordo que fazia a barba, com a porta do banheiro entreaberta, para que a gente pudesse fazer contato com ele. Nesse momento, era permitido escancarar a porta do banheiro e inventar qualquer coisa para puxar assunto com ele!
Todos os Natais, eram comemorados, com simplicidade, ou muita pompa, dependendo se tinha ou não dinheiro, mas sempre nessa data, ele fazia questão de nos alimentar os sonhos e o encantamento. Certa vez, eu já tinha uns 6 a 8 anos, acordei à noite e vi minha mãe, vestindo bonequinhas de celulose (nem sei se elas ainda são fabricadas nesse material), enquanto com caixas de fósforos, meu pai fazia mobílias para as bonecas, e carrinhos para meu irmão, tamanhã falta de recursos naquele ano.
Foi quando eu descobri que Papai Noel não existe, mas descobri também o quanto era amada por meu pai e minha mãe, mas principalmente meu pai, que estava ali, perdendo horas preciosas de sono porque trabalhava no dia seguinte, mas não deixou que a gente passasse o Natal sem presentes.
Muitos outros natais vieram, mas nenhum teve o mesmo sabor e nem de longe, a mesma beleza que este Natal tão especial, que guardo até hoje na lembrança e no coração.
Também foi o Kokão quem me incentivou o gosto pela leitura. Sempre que eu pedia algum livro, ele vinha trazendo logo dois ou três, para eu ler!
Mais tarde, engajado em movimentos partidários, foi muitas vezes consultado e seus conselhos eram buscados por políticos de peso como Tancredo Neves, então senador, Itamar Franco, enquanto candidato ao governo de Minas Gerais e até o General João Figueiredo, que era o Presidente da República, na transição entre a ditadura e a democracia, em almoços simples, lá na chácara, que ficava coalhada de seguranças e militares; Claro que naquele tempo, esses almoços não aconteciam na mesma data. Primeiro vinha um, depois o outro!
A cada neto que nascia, o Kokão ficava mais brando, mais avô que pai, mas sempre nosso companheiro, que nos permitia liberdade de expressão, sem nunca interferir nas decisões dos filhos, mas sempre pronto a nos dar "colo", quando não acertávamos nas escolhas, ou "apagar nossos incêndios", quando faltava dinheiro.
Foi filho esmerado e dedicado à família, como tem sido pai e avô provedor até hoje, que deveria ser cuidado pelos filhos, aos 79 anos completados no próximo dia 1.º de setembro, mas ainda hoje, é quem cuida e zela pela família.
Eu poderia me alongar detalhando a vida deste homem, que é meu herói, tantos foram seus feitos, mas pelo resumo, e pelo carinho dispensado ao meu pai nesta página, já se faz uma idéia, do quão especial é o Kokão (como é chamado pelos filhos).
Ele não é afeito a nada que esteja relacionado com a Internet, então, terei de copiar, e mandar pelo correio, á moda antiga, para ele saber do meu agradecimento, reconhecimento e amor incondicionais.


Feliz dia dos pais.