sábado, 11 de junho de 2011

Incomum

Ser diferente e acima da média, ser mais obstinado, mais eficiente, enfim, ser mais que a maioria das pessoas, é algo que se precisa estar disposto a enfrentar.
Isso não tem a ver com sucesso material, financeiro ou estrelato em qualquer seguimento, mas com um traço da personalidade que se apresenta como algo irreverente que vai na contramão daqueles que fazem tudo igual o tempo todo, fazendo a vida parecer patética e sem sentido.
Muitos pensam em ser quem é mais em tudo, mas poucos têm cacife para arcar com o ônus disso.
Sim, porque custa caro, é difícil, machuca, isola das outras pessoas e o pior, o diferente nunca será visto como gostaria, será e se sentirá sempre um 'estranho no ninho'.
A fábula de "O Patinho Feio" (Hans Christian Andersen), retrata isso...
Pior ainda! A maioria dessas pessoas que excedem o padrão, é apontada, desdenhada, mal compreendida, porque sua ótica não tem a mesma perspectiva.
Poucos serão acolhidos e, quando isso acontece, na maioria das vezes é temporário, porque de algum modo a diferença incomoda. O que diverge, não agrega.
Invariavelmente, a pessoa que se sobressai, sempre é questionada se todo o mundo está errado e só ela certa, o que reflete o senso de mediocridade, onde se encontra a tendência do nivelamento por baixo e que a maioria das pessoas não consegue lidar com os incomuns, porque não é uma questão de estar certo ou errado, mas é uma proposta diferenciada, melhorada, apurada em detalhes que fogem ao senso comum.
Tem mais a ver com inteligência acima da média, e capacidade de exercê-la, do que postura petulante ou arrogante, mas a interpretação desse traço, sempre é confundida (porque não basta ser inteligente, mas é preciso ter consciência de que a possui)
Vez ou outra, receberá a compreensão e anuência de alguns que lhe darão razão, até porque, nunca esses indivíduos, entendem nada mesmo... mas não raro, o excepcional estará sozinho. Isolado, apartado.
Richard Bach, em Fernão Capelo Gaivota, falou com propriedade sobre isso, na trajetória de vida daquela gaivota que não queria simplesmente aprender a voar para buscar o peixe, mas para poder sentir o vento nas penas, poder ver de cima, a beleza da natureza e se encantar com o verde esmeralda do mar. Ela queria ir além e descobriu que podia, porque desenvolveu a capacidade de pensar e teve consciência disso. Era contra a natureza da gaivota, razão pela qual, Fernão Capelo, foi execrado, desprezado pelos seus iguais... banido.
Entre os humanos, não é diferente! Persiste a necessidade que todos só 'voem para buscar o peixe' e, em contrário, então que venha o 'penhasco', porque sua natureza assim determinou.
Gente que é mais, faz mais, se destaca, obriga os que estão a sua volta, para que se sintam razoáveis em alguma coisa, a ficar em guarda em tempo integral e isso gera confronto e desconforto, porque o habitual é que não seja permitido que esse "diferente", de alguma forma, se sobressaia...
O líder natural então, sofre ainda mais, porque normalmente é confundido com o tirano, já que determina, não pede. É seguro e não precisa de permissão para seguir em frente. Segurança no outro incomoda, porque dá ao mediano a impressão de ser uma ameba gigante que não tem capacidade para pensar. 
Eisten, não foi considerado "burro" em sala de aula, sendo obrigado pela professora a usar o chapéu que representava essa condição, por ser de fato desconstituído de inteligência! Ao contrário, foi assim "rotulado", como mais tarde o mundo constatou, por ser enormemente mais inteligente que a média - e até que a própria professora!
Quem excede, não vê as coisas assim. Tem noção da proporção e equivalência dos que estão a sua volta, com relação a si mesmo.
Sofre pela incompreensão, sente medo e abandono, mas também conhece sua força interior e por esse motivo, ainda que isolado, segue seu caminho e persiste na esperança de um dia receber o reconhecimento daqueles a quem só quis ver vencer os seus demônios e próprios desafios.
Se o mediano aprender a prestar atenção aos seus pensamentos, verá que também pode sair dessa condição e se destacar, mas isso importa em fazer escolhas que a maioria não se dispõe a arcar com o preço das consqüências, então, melhor continuar na média, sem correr riscos... é assim que caminha a humanidade...
Bom dia!